Vive la résistance!


O presente blogue nasce num tempo peculiar, no meio de uma epidemia que ameaça, de uma maneira tão fundamental, os nossos hábitos e estilo de vida, desafiando a forma como interagimos com as pessoas e formamos novos laços, não só entre a comunidade náutica, mas entre todas as pessoas espalhados pelos amplos oceanos e nações.

Há um século que estamos sentados na doca da baía da Horta, de onde temos vindo a observar as marés da história, em perpétua mudança. Vimos o mundo ser ligado através de teias submarinas que agora chegam à órbita da Terra. Sentimos a ascensão de guerras que mataram milhões de pessoas e cuja queda uniu países e comunidades para reconstruir e proteger as frágeis condições de paz, e para divulgar o reconhecimento da dignidade universal e inerente a todos os membros da família humana. Vivemos a materialização desta herdade liberdade, através da chegada daqueles a quem os Açorianos chamam de “aventureiros”, e o nascimento do iatismo moderno, que temos vindo a tentar apoiar – dentro das nossas próprias limitações – há várias décadas.

Agora, com base em tudo o que experienciámos através desta pequena janela no tempo, esperamos que a crise do corona seja também ela substituída por um novo paradigma global, pois o vírus força-nos a reavaliar violentamente os nossos valores, enquanto indivíduos e enquanto espécie – incutindo a reflexão sobre a nossa própria vida, as nossas prioridades e os nossos planos não cumpridos: coisas que sempre quisemos fazer, coisas que ficaram por dizer, e tudo aquilo que nunca encontrámos tempo ou coragem para levar a cabo.

… mas divirjo.

Os objectivos deste pequeno projecto são duplos: um, proporcionar alguma ajuda, ou simplesmente alguma paz de espirito, a todos aqueles que atravessam o Atlântico; dois, e mais importante, partilhar histórias, crónicas e aventuras de pessoas – daqueles que mesmo entre todas as dificuldades ainda ousam seguir os seus sonhos e ideais, e daqueles que ajudam (ou pelo menos tentam ajudar) – na esperança de mostrar que, embora a incerteza e a potencial desconfiança tenham aumentado durante a crise, ainda podemos construir laços genuínos e profundos, mesmo entre estranhos, provando que o espírito humano transcende todas as fronteiras, quer as geográficas, quer as construídas pelo medo.

Acreditamos que a nossa resposta aos desafios actuais servirá como guia para um futuro mais solidário e acolhedor, para que vivamos harmoniosamente com aqueles que amamos e com o nosso planeta. Resistiremos e prevaleceremos.

Vive la résistance!

P.S:

1. Agora que isso está escrito, chegámos à conclusão de que o texto actual pode estar um pouco pesado, no entanto, achámos importante explicar o nosso ponto de vista. A partir de agora, é razoável esperar que a maioria das nossas publicações sejam mais leves. Adicionalmente, se entretanto chegar à Horta e precisar de alguma coisa, pode facilmente identificar-nos através dos berrantes barretes azuis, vermelhos, brancos e amarelos, que levamos na cabeça enquanto serpenteamos a baía de barco em barco.

2. Caso estejam interessados em perceber os atuais desafios das travessias transatlânticas em contexto de epidemia, deixo-vos um excelente artigo escrito por Susan Smillie no the Guardian:

https://www.theguardian.com/environment/2020/may/12/long-journey-home-the-stranded-sailboats-in-a-race-to-beat-the-hurricanes?CMP=Share_iOSApp_OtherThe&fbclid=IwAR3oZaxVkVDbN-LvmdyBz-GYbXj6IOv1e7ayl8FC0aoXkZo49RyLDh8RJlU#maincontent

 

Para visitar esta página, precisa de ter no mínimo 18 anos

Tem a idade legal para consumo de bebidas alcoólicas?

Sim
Não